Ashram - 03.06.2006
Está quase a fazer um ano que estes grandes Senhores nos visitaram pela última vez e já começo a sentir fortes sintomas de ressaca. Quando um grupo é desta forma talentoso e vibrante e especialmente quando já se teve contacto ao vivo com o conjunto, os cd's não tardam a tornarem-se insuficientes.
Passado dia três de Junho de 2006, Famalicão recebeu num dos seus palcos estes belos napolitanos, músicos de corpo e alma que se desfizeram nas delícias de todos os presentes, não muitos, mas suficientes.
Pisei o chão da Casa das Artes com a certeza de que me ia emocionar e de que ia ser dos momentos mais intensos da minha vida. São músicos maravilhosos, o trio perfeito, cada um deles indispensável à beleza e magia curativa de Ashram.
A melancolia, a nostalgia e o romantismo encheu a sala após as primeiras notas e permaneceu serpenteante até ao fim do espectáculo. A música deles é uma manta que nos embrulha a alma, aconchegante, e nos aquece apesar do frio que sentimos. Mas Ashram não é só apaziguamento de memórias doloridas, feridas por cicatrizar, é uma satisfação crescente que brota dos ossos e arrepia na pele.
Bem dispostos, cheios de vontade de comunicar com o público, foram conversando com a audiência em italiano, desculpando-se por não falarem fluentemente inglês, rindo por não perceberem tudo o que dizíamos nem nós o que eles diziam. Foi assim, num ambiente íntimo e descontraído que apresentaram o seu novo álbum "Shinning Silver Skies" editado pela portuguesa Equilibrium Music, mais um trabalho mágico, repleto de passagens secretas para outras dimensões.
Com Sergio Panarella na voz e na guitarra, Luigi Rubino no piano e Alfredo Notarloberti no violino criaram-se cenários de fantasia em que o som, uma sinfonia estelar de força, rasgava o céu escuro numa explosão de cores e luz vertiginosa. Pudemos ainda ouvir um improviso maravilhoso do Alfredo inspirada numa peça espanhola do séc. XVI e o Luigi, a solo, a tocar uma música escrita e inspirada em Lisboa. A expressividade dos três enquanto tocam é hipnótica, e eles, não parecem sinceramente deste mundo.
Todos nós saímos daquele auditório, naquela noite, mais completos, plenos, num estado de inquietude sossegada, uma amálgama viva de sensações divinas. Como é bom o trabalho de quem é apaixonado pelo que cria.
"Dotados de uma sensibilidade musical singular, os Ashram conseguiram conquistar um grupo de fãs discretos mas fiéis à volta da sua música delicada e de variadas performances memoráveis em concerto aquando das suas duas anteriores passagens por Portugal em 2002 e 2004.
O estilo neo-clássico que serve como alicerce na música de Ashram é habitualmente construído a partir das disposições temperamentais do pianista Luigi Rubino, que marca os seus temas com um maneirismo cinematográfico próximo do film-noir, em conjunto com a jovialidade dos arranjos de Edo Notarloberti, um violinista famoso pelas suas prévias colaborações com outros projectos napolitanos e cujas frases musicais conferem, de uma forma brilhante, o carácter comovente que distingue este projecto. Sergio Panarella, o talentoso vocalista do grupo, possuidor de uma extraordinária voz, adiciona os tons mais claros às criações de Ashram, contribuindo também com algumas baladas Folk baseadas em guitarra acústica.
Quatro anos após a sua estreia homónima, o ensemble italiano completa finalmente o seu segundo álbum, "Shinning Silver Skies", um trabalho que se desdobra num exercício de êxtase musical, embebido numa nostalgia doce que oscila entre memórias de perdas profundas e paixões arrebatadoras."
Emocionei-me bastante na altura, continuo a emocionar-me agora, e acho que não há música que me massaje melhor a alma do que a de Ashram. Esta música em especial foi das que mais me marcou numa fase inicial e é uma das que ainda me enche as medidas. Para além disso tem o talento dos três músicos presente e a letra é uma delícia.
1 Comments:
...os violinos :)
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