
"Um Domingo, estava eu sentado na esplanada de um restaurante nas margens da Spree, quando rebentou uma violenta tempestade. Alguns minutos mais tarde chegou um vendedor de jornais que me contou que o ciclone tinha arrancado árvores e que uma mulher tinha morrido. Tomei então um táxi e alertei um fotógrafo. Seguidamente propus estes documentos exclusivos à casa Ullstein. Deram-me 100 marcos por eles. Dei 90 marcos ao fotógrafo e disse para comigo que mais valia ter sido eu mesmo a fazer as fotografias. No dia seguinte comprei uma máquina."
"A actividade de um fotógrafo de imprensa que quer ser mais do que um artesão é uma luta continua pela sua imagem. Tal como o caçador está obcecado pela sua paixão de caçar, também o fotógrafo está obcecado pela fotografia única que quer obter. É uma batalha contínua. É preciso lutar contra os preconceitos que existem por causa dos fotógrafos que continuam a trabalhar com flashes; lutar contra a Administração, os empregados, a polícia, os guardas; contra a má luz e as grandes dificuldades em fazer fotografias de pessoas que estão em movimento. É preciso apanhá-las no momento preciso em que elas estão imóveis. Depois, é preciso lutar contra o tempo, pois cada jornal tem um deadline ao qual é preciso antecipar-se. Antes de tudo o mais, um repórter fotográfico deve ter uma paciência infinita, e não se enervar nunca; deve estar ao corrente dos acontecimentos e estar a tempo e horas onde é que irão desenrolar-se. Se necessário, devemos servir-nos de toda a espécie de astúcias, mesmo se elas nem sempre são bem sucedidas."
"Quando, no Verão de 1929, cheguei à primeira Conferencia de Haia, soube que os ministros Henderson, Stresemann, Briand, Wirth e o ministro belga dos Negócios Estrangeiros Hymans costumavam encontrar-se, às quatro horas de cada tarde, na varanda do Grande Hotel Scheveningen. Como não consegui obter permissão para fotografar no interior da varanda, restava-me fotografar esses encontros a partir do exterior. A varanda encontrava-se a dezasseis metros de altura, por cima de uma garagem, em frente da qual apenas havia a praia e o mar. Não havia uma casa em frente. Decidi-me a alugar uma escada de incêndio sobre rodas, de dezanove metros, e pedi emprestado aos homens que a acompanhavam uma camisa branca, um balde e um pincel, no intuito de fazer crer à Polícia holandesa que ia repintar um anúncio publicitário. A minha intenção era fazer-me içar com a ajuda dessa escada e fazer, a uma distância de doze metros e o mais rapidamente possível, uma fotografia dos diplomatas no cimo dessa histórica varanda. Para grande decepção minha, o chefe da equipa declarou-me que iria ser preciso, em primeiro lugar, fazer subir a escada e fixá-la com cordas antes que eu pudesse subi-la. Finalmente, quando ela já estava no lugar, a sua inclinação era tão abrupta que eu teria caído caso tivesse que utilizar ambas as mãos para fazer a fotografia. Tive portanto de mandar inclinar a escada, mas isso parecia tão perigoso que o próprio Henderson reparou, através da janela. No preciso momento em que começava a subir, apareceu o responsável inglês para a imprensa, acompanhado de um agente secreto, que de modo categórico me ordenaram a retirada imediata da escada. No que eu fui forçado a consentir para evitar um escândalo. Nada mais me restava fazer que fotografar a escada."
"A actividade de um fotógrafo de imprensa que quer ser mais do que um artesão é uma luta continua pela sua imagem. Tal como o caçador está obcecado pela sua paixão de caçar, também o fotógrafo está obcecado pela fotografia única que quer obter. É uma batalha contínua. É preciso lutar contra os preconceitos que existem por causa dos fotógrafos que continuam a trabalhar com flashes; lutar contra a Administração, os empregados, a polícia, os guardas; contra a má luz e as grandes dificuldades em fazer fotografias de pessoas que estão em movimento. É preciso apanhá-las no momento preciso em que elas estão imóveis. Depois, é preciso lutar contra o tempo, pois cada jornal tem um deadline ao qual é preciso antecipar-se. Antes de tudo o mais, um repórter fotográfico deve ter uma paciência infinita, e não se enervar nunca; deve estar ao corrente dos acontecimentos e estar a tempo e horas onde é que irão desenrolar-se. Se necessário, devemos servir-nos de toda a espécie de astúcias, mesmo se elas nem sempre são bem sucedidas."
"Quando, no Verão de 1929, cheguei à primeira Conferencia de Haia, soube que os ministros Henderson, Stresemann, Briand, Wirth e o ministro belga dos Negócios Estrangeiros Hymans costumavam encontrar-se, às quatro horas de cada tarde, na varanda do Grande Hotel Scheveningen. Como não consegui obter permissão para fotografar no interior da varanda, restava-me fotografar esses encontros a partir do exterior. A varanda encontrava-se a dezasseis metros de altura, por cima de uma garagem, em frente da qual apenas havia a praia e o mar. Não havia uma casa em frente. Decidi-me a alugar uma escada de incêndio sobre rodas, de dezanove metros, e pedi emprestado aos homens que a acompanhavam uma camisa branca, um balde e um pincel, no intuito de fazer crer à Polícia holandesa que ia repintar um anúncio publicitário. A minha intenção era fazer-me içar com a ajuda dessa escada e fazer, a uma distância de doze metros e o mais rapidamente possível, uma fotografia dos diplomatas no cimo dessa histórica varanda. Para grande decepção minha, o chefe da equipa declarou-me que iria ser preciso, em primeiro lugar, fazer subir a escada e fixá-la com cordas antes que eu pudesse subi-la. Finalmente, quando ela já estava no lugar, a sua inclinação era tão abrupta que eu teria caído caso tivesse que utilizar ambas as mãos para fazer a fotografia. Tive portanto de mandar inclinar a escada, mas isso parecia tão perigoso que o próprio Henderson reparou, através da janela. No preciso momento em que começava a subir, apareceu o responsável inglês para a imprensa, acompanhado de um agente secreto, que de modo categórico me ordenaram a retirada imediata da escada. No que eu fui forçado a consentir para evitar um escândalo. Nada mais me restava fazer que fotografar a escada."
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