Tuesday, June 10, 2008

"sol que nos cega. Acabei de atravessar uma ponte e passo por um corredor que, parado na berma da estrada, com as mãos apoiadas nos joelhos dobrados, perdeu o controlo da respiração. O ar, como pedra, entra e sai dentro dele, o mundo entra e sai dentro dele. Fecha os olhos e contrai o rosto inteiro. A pouca distância, há pessoas que não se aproximam mais e que o olham, amedrontadas. Eu não paro, não paro. O sol espeta-me agulhas nos olhos: agulhas feitas de linhas de luz. Mas continuo sempre, continuo sempre, continuo"

Cemitério de Pianos, José Luís Peixoto
continuo a querer deixar-me levar por alguma coisa que me leve.

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