"Um dia, há muito tempo, encontrei uma fotografia do irmão mais novo de Napoleão, Jerôme (1852). Disse então para comigo, com um espanto que, desde então, nunca consegui reduzir: «Vejo os olhos que viram o Imperador.» Por vezes falava desse espanto, mas, como ninguém parecia partilhá-lo nem sequer compreendê-lo (a vida é feita assim de pequenas solidões), esqueci-o."
Roland Barthes, A Câmara Clara
Há dois anos, quando me mudei, tínhamos todas coladas à parede da entrada, folhas A3, com uma caricatura de cada uma, onde, em volta escrevíamos pequenos apontamentos que nos motivavam, revoltavam, faziam rir, por aí vai. Desde o primeiro dia esse excerto, estava lá, escrito numa letra torta, de quem escreve perpendicular sobre uma parede fria e rugosa.
1 Comments:
Porque lembrar de algo que ninguém consegue compreender, não é? É como se não existisse de fato, mesmo que existisse em nós mesmos.
Post a Comment
<< Home