Monday, September 15, 2008

"Um dia, há muito tempo, encontrei uma fotografia do irmão mais novo de Napoleão, Jerôme (1852). Disse então para comigo, com um espanto que, desde então, nunca consegui reduzir: «Vejo os olhos que viram o Imperador.» Por vezes falava desse espanto, mas, como ninguém parecia partilhá-lo nem sequer compreendê-lo (a vida é feita assim de pequenas solidões), esqueci-o."


Roland Barthes, A Câmara Clara



Há dois anos, quando me mudei, tínhamos todas coladas à parede da entrada, folhas A3, com uma caricatura de cada uma, onde, em volta escrevíamos pequenos apontamentos que nos motivavam, revoltavam, faziam rir, por aí vai. Desde o primeiro dia esse excerto, estava lá, escrito numa letra torta, de quem escreve perpendicular sobre uma parede fria e rugosa.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Porque lembrar de algo que ninguém consegue compreender, não é? É como se não existisse de fato, mesmo que existisse em nós mesmos.

12:22 PM  

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