"Nem uma pálida luz nas janelas, nem um reflexo desmaiado nas fachadas, o que ali estava não era uma cidade, era uma extensa massa de alcatrão que ao arrefecer se moldara a si mesma em forma de prédios, telhados, chaminés, morto tudo, apagado tudo."
Thursday, June 28, 2007
Sapatos
A minha mais recente aquisição. (só quero actualizar isto.) E sim, eu acho-os lindos. E sim, vocês podem discordar e manifestarem-se nesse sentido. :D
Passado dia 6 de Junho, encontravamo-nos todos em casa a pensar o que íamos fazer à noite para festejar o aniversário da nossa "perfeita". Foi então que a própria se lembrou que de tarde, quando passava pela Avenida dos Aliados a caminho de casa, se encontravam na rua uns insufláveis murchos. Decidimos então pesquisar na net para saber o que era aquilo. E... txaran! FITEI! (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica) O espectáculo de encerramento. Eu, aliás, nós todos que achávamos que não íamos ver nenhum dos espectáculos acabamos por ter um lançado aos nossos pés quando menos esperávamos. Saímos de casa um bocado antes da meia noite, apreciámos os insufláveis, ainda um bocado abandonados e entramos no McDonalds para beber um café e fazer tempo até ser meia noite. De falta de pontualidade ninguém os pode acusar. Estávamos ainda a terminar de beber o café quando deu a meia noite e subitamente todas as luzes da Avenida se desligaram, a música começou a tocar a toda a potência e assim que saímos para a rua avistamos uma massa de gente reunida em torno de um insuflável iluminado, fomos furando para ver melhor. Fiquei boquiaberta. A música era espantosa. Uma mistura de vários géneros, música tribal e erudita a preencher a noite a afastar a escuridão. Era o inicio da viagem de Changa e da sua procura pelo caminho de casa, a Babilónia. Eu admito que não percebi muito da história, estava totalmente absorta nos insufláveis, cegada pelas cores e ensurdecida pela música, espantada com a rapidez e facilidade com que os actores, tanto os que controlavam os insufláveis como os que dançavam em andas em nosso torno se moviam. Maravilhoso. Foi um espectáculo espectacular :P que durou cerca de hora e meia e que pôs uma multidão em andamento pela Avenida dos Aliados fora. O espectáculo incluiu três paragens (Av. dos Aliados, Praça da Liberdade e Praça General Humberto Delgado), cada uma com um cenário diferente: a pirâmide, o templo (onde apanhamos um banho de água choca, oh yeah! lol) e a Babilónia; uma dança de esqueletos incrível (as sombras projectadas no edifício executavam exactamente a mesma dança); a presença de insufláveis móveis bem como estáticos; bailarinos em andas que entregaram cravos no final; e fogo de artifício.
(eu estava a tentar pôr esta porra desta merda deste texto enfeitadinho com fotografias bonitas e com vídeos alegres, mas não há paciência. este blog tira-me do sério bolas!)
Esta é a premissa do filme. "Todas as segundas oportunidades começam com um primeiro passo... Todas as segundas oportunidades começam com um primeiro passo..." Uma mensagem encorajadora. Um filme animador. As interpretações podem não ser brilhantes, mas as sequências de dança são arrebatadoras e a química entre os actores também. Channing Tatum (Tyler) e Jenna Dewan (Nora) são os protagonistas que dão vida à história de um rapaz sem esperança, conformado com a vida que leva e de uma rapariga que luta com todas as forças pela concretização do seu sonho. Quando estes dois se juntam há sonhos que começam a despertar e outros que procuram crescer. É um enredo com pouco de original, mas que é muito bem compensado pela criatividade artística. As coreografias são elaboradas e difíceis sem nunca deixarem de parecer naturais e fluentes. A música acompanha todos os movimentos, como se vestisse os bailarinos. A dança, é ainda, infelizmente, uma arte muito pouco reconhecida, muito discriminada e mal recompensada que precisa seriamente de apoios e de oportunidades de aparecer e brilhar. Step Up é um óptimo filme para quem quer descontrair e ver um bom espectáculo, ideal para um domingo á tarde.
"Eaten" é um hino ao que de mais animalesco, primitivo e explosivo existe dentro do ser humano. É macabra, negra, agressiva, intensa, inquietante. É masoquista, é doentia, absurdamente magnífica, encantadora, right on the money. É libertadora. Dá voz aquele demoniozinho interior que todos nós temos que nos incita à auto-destruição; bater com a cabeça nas paredes, arrancar os próprios olhos, esventrarmo-nos e sentirmos as tripas quentes esborrachadas entre os dedos, morder até arrancar pedaços de carne... Conforta-me sempre ouvir esta música. É uma satisfação tão grande! A bateria acelera o batimento cardíaco e faz lembrar tambores de tribos canibais.
Infelizmente, como a banda é composta por vários músicos de diferentes projectos musicais, que entram e saem constantemente, não é fácil vê-los ao vivo. Aliás, até hoje esse concerto no Wacken foi a primeira e única aparição dos Bloodbath. O dvd nunca mais sai, e não existem praticamente nenhuns videos da banda, o que me deixa triste. Aliás, o que ainda mais triste me deixa é o afastamento do Mikael, que, na minha opinião tem uma das melhores vozes que já ouvi. O homem tem um talento estúpido e uma capacidade incrivel de conciliar os extremos das suas capacidades vocais. Agora, com novo line up, os Bloodbath preparam-se para lançar um novo registo. Nós ficamos á espera. Ansiosamente.
"Ela tinha os cabelos apanhados num laço, era uma menina e, no seu rosto, havia qualquer milagre: pureza: que eu não sabia descrever. Os olhos grandes: o céu. Se estivesse suficientemente perto, acredito que poderia ter visto pássaros a planarem dentro dos seus olhos, seria um mês da primavera dentro dos seus olhos: infinito."
Recomecei a lê-lo à dois dias atrás. E agora, sem mais leituras em mão, deixei-me viciar completamente na escrita sedutora de José Luís Peixoto. Do melhor que li até hoje dele.
Blow, com Johnny Depp no principal papel, conta a história do traficante de droga americano, George Jung, responsável pela introdução da cocaína no mercado norte americano.
É um filme inteligente, sem falsos moralismos nem grandes pretensões, que retrata o mundo do contrabando de uma forma directa, simples e acima de tudo humana.
Um filme triste e comovente sobre uma vida de vício, hábito, constante tensão, fugacidade, incerteza, ilusão, desilusão, imprevisibilidade e loucura.
Vale a pena ver. Mesmo.
"May the wind always be at your back and the sun upon your face. And may the wings of destiny carry you aloft to dance with the stars."
O Ray Liotta e o Johnny Depp contracenam que é uma delícia.